O cigarro, um dos maiores vilões da saúde pública, é responsável por mais de 8 milhões de mortes anuais em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Seus efeitos devastadores se estendem por todo o corpo, impactando desde os pulmões até o sistema cardiovascular.
E, para quem convive com doenças reumatológicas, o tabagismo representa um perigo ainda maior, atuando como um gatilho para o agravamento dos sintomas e comprometendo a qualidade de vida.
A seguir, vamos explorar a relação prejudicial entre o cigarro e as doenças reumatológicas, demonstrando como abandonar esse hábito pode ser crucial para quem busca uma rotina com mais saúde e bem-estar.
Cigarro e sua ação inflamatória
O cigarro contém milhares de substâncias tóxicas que, ao serem inaladas, desencadeiam uma série de reações inflamatórias pelo corpo. Essa inflamação generalizada é especialmente prejudicial para pessoas com doenças reumatológicas, que já lidam com inflamações nas articulações. Imagine que o cigarro age como um combustível para a inflamação, intensificando os sintomas e dificultando o controle da doença.
Um estudo do Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (CRID) evidenciou que o ato de fumar está ligado ao surgimento e avanço de doenças autoimunes, reações alérgicas e câncer.
No caso da artrite reumatoide, por exemplo, fumar é um fator de risco significativo para o desenvolvimento da doença, bem como para um prognóstico radiológico desfavorável e uma menor eficácia dos tratamentos.
Por promover uma inflamação exacerbada, o tabagismo pode levar à piora dos sintomas, como dor, rigidez e inchaço nas articulações, impactando diretamente a sua mobilidade e qualidade de vida.
Eliminar o cigarro é essencial para o tratamento de doenças reumatológicas
Eliminar o cigarro do cotidiano das pessoas que sofrem com doenças reumatológicas é imprescindível, pois, além de agravar a inflamação, o tabagismo também pode interferir na eficácia dos medicamentos utilizados no tratamento.
A reumatologia desempenha um papel fundamental no manejo dos sintomas e prevenção de complicações, no entanto, os hábitos pregressos dos pacientes podem colocar toda estratégia de tratamento em risco, anulando sua eficácia. Principalmente o hábito de fumar.
Em outras palavras, fumar pode diminuir a eficácia dos medicamentos, tornando o tratamento mais desafiador. Isso significa que o paciente pode precisar de doses maiores ou tratamentos mais agressivos para obter o mesmo resultado, aumentando o risco de efeitos colaterais e complicações.
A pesquisa citada anteriormente, realizada pelo CRID, alerta que o cigarro pode causar alterações epigenéticas, que são modificações herdadas e reversíveis no genoma, sem mudar a sequência do DNA. Essas alterações são sensíveis ao ambiente e afetam a expressão dos genes.
Em outro estudo, citado pela Sociedade Catarinense de Reumatologia, são mostradas evidências preocupantes: o fumo do cigarro contém oxinas que desencadeiam a produção de anticorpos específicos associados à Artrite Reumatoide (AR), iniciando um processo inflamatório nos pulmões e evoluindo para afetar as articulações.
O tabagismo pode desencadear a doença em pessoas geneticamente predispostas, além de aumentar a gravidade e reduzir a eficácia dos tratamentos modernos, como os agentes imunobiológicos.
No caso do lúpus, uma doença autoimune comum em mulheres em idade reprodutiva, o tabagismo também é um importante fator de risco. O fumo causa lesões nas células, expondo seus constituintes nucleares que desencadeiam a formação de autoanticorpos, os quais atacam as células normais do organismo. Além disso, o tabaco agrava a doença ao reduzir a eficácia dos medicamentos utilizados no seu tratamento.
Outro estudo, este realizado pela Faculdade de Medicina da USP, comprovou que a exposição à fumaça piora a qualidade do tecido ósseo e afeta a matriz extracelular fundamental para sua formação, o que resulta em perda da massa óssea e afinamento das fibras do tecido, piorando os sintomas e dificultando o tratamento de diversas doenças autoimunes e reumatológicas.
Tenha suporte para abandonar o tabagismo e tratar doenças reumatológicas
Parar de fumar é fundamental para proteger sua saúde e garantir uma melhor qualidade de vida, especialmente para quem convive com doenças reumatológicas. Os benefícios de abandonar o cigarro são inúmeros e refletem diretamente no controle da doença, na eficácia do tratamento e na sua saúde em geral.
Ao parar de fumar, você estará contribuindo ativamente para reduzir a inflamação, proteger suas articulações, fortalecer seus ossos e ter mais chances de sucesso no tratamento da sua doença reumatológica.
Mas ninguém precisa estar sozinho neste processo complicado. Um médico especializado em reumatologia e terapias biológicas pode diagnosticar, tratar e acompanhar os pacientes com essas doenças, indicando as melhores abordagens de tratamento, medicamentos e terapias para cada caso, alcançando uma vida mais saudável e produtiva.