Introdução
Ferramenta usada para avaliar o risco de fratura considerando fatores clínicos (mesmo sem a densidade mineral óssea).
A densidade mineral óssea é provavelmente o fator isolado mais importante que afeta o risco de fratura. Entretanto, cerca de 40% a 80% das fraturas ocorrem em indivíduos com osteopenia, justificando o uso de fatores de risco clínico que possam acrescentar informação à densitometria no rastreamento dos pacientes de risco.
Os resultados do FRAX mostram a probabilidade em 10 anos de uma fratura maior (fratura clínica vertebral, antebraço, úmero e quadril) ou uma fratura de quadril isolada.
Desde os primeiros estudos sobre osteoporose, são conhecidos fatores que se associam à perda de massa óssea, tais como idade avançada, sexo feminino, período pós-menopausa, baixo índice de massa corpórea, fratura prévia por fragilidade, história familiar de fratura por fragilidade, grande ingestão de bebida alcoólica, vida sedentária, fumo e uso de glicocorticoides.
Estes fatores de risco podem predizer a possibilidade de fratura de forma independente ou parcialmente independente da densidade mineral óssea e, se associados aos valores da densidade mineral óssea, podem prover informação superior à obtida pela densidade mineral óssea isolada.
Fatores avaliados no FRAX
No modelo FRAX, o risco de fratura é calculado, para mulheres e homens entre as idades de 40 a 90 anos, com os seguintes dados:
— Idade atual
— Índice de massa corpórea (calculado a partir do peso e da altura)
— Fratura prévia: fratura que ocorreu na vida adulta espontaneamente ou fratura após um trauma que, em um indivíduo saudável, não resultaria em fratura (fratura por fragilidade)
— Fratura de quadril familiar (história de fratura de quadril por fragilidade em mãe ou pai do paciente)
— Fumo atual
— Glicocorticoides: exposição a glicocorticoides orais por três meses ou mais, em uma dose de prednisona de 2,5 a 7,5 mg/dia ou mais.
— Artrite reumatoide
— Osteoporose secundária: presença de doença associada à osteoporose. Inclui diabetes tipo I, osteogênese imperfeita em adultos, hipertireoidismo duradouro não tratado, hipogonadismo ou menopausa prematura (menos de 45 anos), má nutrição crônica ou má absorção intestinal, doença hepática crônica e doença renal crônica (ClCr 3a-5).
— Álcool (três ou mais unidades/dia): uma unidade de álcool varia levemente em diferentes países entre 8 e 10 g de álcool.
O FRAX precisa ser adaptado a diferentes dados epidemiológicos de fratura e mortalidade. O Brasil teve seu modelo elaborado e concluído por uma equipe internacional. Foram construídos gráficos e tabelas associando dados epidemiológicos de prevalência de fratura de quadril e mortalidade em diferentes áreas do Brasil com base em estudos clínico-epidemiológicos realizados em nosso país.
Limitações
O álcool e uso de glicocorticoides, são estimados em doses médias estabelecidas; o evento de fratura prévia é considerado sem quantificar o número de fraturas; não incorporou ainda os fatores de risco relacionados a quedas; incorpora apenas a densidade mineral óssea do colo femoral.
FRAX ajustado
O cálculo do FRAX considera uma dose média de prednisona (2,5 a 7,5 mg/dia) e, portanto, pode subestimar o risco de fratura em pacientes tomando doses maiores ou superestimar o risco em pacientes tomando doses menores.
Para ajustar o risco fratura pela dose de glicocorticoide sugere-se aumentar em 20% risco de fratura de quadril e 15% fratura maior para pacientes que usam doses maiores que 7,5 mg/dia.
O Diabetes mellitus tipo 2 é também um fator de risco para fraturas, a hiperglicemia crônica altera a microarquitetura do tecido ósseo e leva à fragilidade óssea. No entanto, o FRAX ainda não foi atualizado para incluir DM2, uma estratégia para melhor avaliação do risco desses pacientes seria marcar como presença de artrite reumatoide no FRAX.
Para o risco de queda, o guideline britânico sugere aumentar o risco em 30% para fratura de quadril e fratura maior em pacientes com mais de 2 quedas no último ano.
Limiar de intervenção
São os limiares do risco de fratura que pressupõem tratamento medicamentoso.
No Brasil usamos a metodologia da National Osteoporosis Guideline Group (NOGG/UK), no qual pode-se avaliar o paciente sem a necessidade da densidade mineral óssea. Caso o paciente fique acima do limiar de intervenção para a idade podemos iniciar o medicamento específico para osteoporose.
Quando é realizado o FRAX sem a densitometria óssea tem-se três áreas: vermelha (indica o tratamento), amarela (considerar realizar densitometria óssea para uma melhor avaliação) e verde (sem a necessidade de tratamento medicamentoso específico); já quando se usa da densitometria óssea o gráfico é dividido em dois, necessidade de tratamento e sem necessidade de tratamento pela idade.
Como calcular o FRAX
Entrar em https://abrasso.org.br/calculadora/calculadora/ , digitar os valores solicitados usando pontos e não virgulas.
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